Nos anos 1950 e 1960 a estrada que ligava o São Lourenço a Nova América, Caarapó e Dourados apresentava-se muito precária.Esta estrada atravessa o Córrego São Lourenço, sendo que nas duas margens deste córrego existe uma planície com extensão de aproximadamente 300 metros em cada lado e que nas décadas citadas, era extremamente pantanosa, haja vista que, naquele período histórico, o São Lourenço ainda estava coberto de matas e, como se sabe, onde existem florestas, o reservatório subterrâneo aquático é muito mais raso, mais próximo mesmo da superfície terrestre, porque a água é puxada pelas raízes das árvores.
Assim sendo, nesta planície, as águas ficavam acima da superfície terrestre, alagando-a, formando extensos pântanos. Alguém que se propusesse atravessá-la com algum veículo, era quase certo que atolaria. Até tratores muitas e muitas vezes atolaram ao atravessá-la. Sendo mais claro, mesmo a pé, atravessá-la era um grande desafio.
E, naquele período a Prefeitura Municipal, primeiramente de Dourados, já que até 1958, Caarapó era um Distrito de Dourados e mesmo depois da transformação deste distrito em Município, a Prefeitura de Caarapó, não se fazia presente prestando serviços em benefício dos camponeses residentes em São Lourenço, dentre eles, abertura e manutenção desta estrada.
Diante disso os camponeses tiveram que realizar a manutenção e os melhoramentos nesta estrada, o que fizeram, recorrendo aos mutirões. Dentre as famílias que participaram destes mutirões podem ser citadas a dos Ribeiros, dos Lopes, a de Luís Baiano, do Pascoal, do Seo Agostinho e outros.
Os camponeses constituíram diversas equipes: a de roçadas, a que abria valetas visando a drenagem desta planície pantanosa, pela colocação de pedras nos atoleiros (buracos) e a de alimentação, constituída pelas mulheres dos camponeses. E desta forma lograram êxito em romper o isolamento que São Lourenço estava condenado a sofrer em relação a Nova América, Caarapó e Dourados, caso não fizessem nada.
Lembrando que os camponeses precisavam ir a um destes lugares para comercializarem o excedente de suas respectivas produções agrícolas, em especial a de arroz e comprarem alguns produtos industrializados: açúcar, querosene, farinha de trigo, fumo caipira, farinha de mandioca, enxadas, foices, machados, etc.
E estes mutirões contribuíram para aproximar estas famílias e estabelecer um espírito de cumplicidade entre elas, uma relação que pode-se dizer de parentes. Era como se, em São Lourenço, existisse uma única família.
Era muito bonito ver o momento em que as famílias paravam para as refeições. O cardápio era constituído por ovo frito, farofa, arroz, feijão, carne de frango, café, bolo de milho. Porém, como eram preparados por diversas cozinheiras, o tempero das refeições era diferenciado. E os camponeses, num espírito de muita camaradagem, de cumplicidade e de partilha, saboreavam as refeições preparadas por todas as cozinheiras e, ao saborearem pratos com temperos diferentes a comida ficava mais apetitosa. Ou seja, as paradas para as refeições, se constituíram em momentos de festas, de confraternização e que marcou indelevelmente a todos àqueles que viveram estes momentos, além de ter contribuído para selar um clima de muita confiança entre todas as famílias camponesas residentes em São Lourenço.
Observação: quando alguma das famílias camponesas precisava plantar ou colher em tempo record, muitas e muitas vezes, recorreu-se aos mutirões.
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