quarta-feira, 20 de junho de 2018

HISTÓRIAS SOBRE AS COPAS



Em conversas que tive com o meu pai sobre  as Copas do Mundo realizadas nos anos 1950 e 1960, os relatos que ele fez é de que,  quado possível, os amantes do futebol as acompanhavam pelo rádio.Desnecessário dizer que nem todos tinham condições de comprar um rádio. E mesmo quando tinham, em virtude de serem alimentados com baterias e mais tarde com pilhas -  a oferta de energia era escassa -  quem possuía um rádio, utilizava com muito critério, em torno de meia hora por dia. Dificilmente alguém tinha um rádio para ouvir jogos. 
Sendo assim, as pessoas, não raro andavam quilômetros à pé, de bicicleta ou à cavalo até a casa de algum generoso cidadão que tivesse um rádio e que o disponibilizasse para ouvir transmissões desportivas. O meu pai, amante do futebol, era um dos raros cidadãos que possuía um rádio em São Lourenço e o utilizava para tais eventos, dentre eles, as copas. Havia muito ruído na transmissão, mas ainda assim, as pessoas não desistiam de ouví-la, torcer e sofrer pelo Brasil.
Ele me relatou que o meu avô materno, o Luís Baiano, possuía um rádio, mas era expressamente proibido ouvir jogos no mesmo. Ocorre  que um dos seus filhos o Tio Lilo, um amante do futebol, desafiava o Luís Baiano e vinha para a casa do meu Pai, já que este casara-se com a sua irmã, a Izaura. Algumas vezes, o Tio Lilo, dormiu na casa do meu pai, o que não agradava de jeito nenhum a Luís Baiano, mas o Tio o desafiava.
Já no início dos anos 1970, entrou em cena a TV branco e preto, não em São Lourenço, mas em Dourados. Todavia, as transmissões desportivas não eram realizadas ao vivo. Assistia-se ao videotape, isto é, uma gravação. No caso de Dourados, depois de aproximadamente duas horas do jogo realizado, o videotape chegava em avião vindo do Rio de Janeiro, quando então era exibido em alguns pontos da cidade: o Bar Douradense era um destes pontos. Como em 1970 o Brasil venceu todos os jogos, as pessoas  ouviam o jogo pelo rádio e depois vinham para Dourados assistir o videotape. Vinham na caminhonete Wyllis de Edson Daniel. Lembro-me de uma noite que esta viagem foi feita em dia muito frio. Mas ninguém até  hosto se mostrou  arrependido do sacrifício realizado.

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